Espectro Autista: como os fogos de artifício podem ser prejudiciais

Muitas pessoas soltam fogos de artifício para festejar datas, como no caso do feriado de Nossa Senhora Aparecida. Apesar da beleza, os fogos de artifício têm um lado pouco festivo. O espetáculo de luzes e som pode ser sofrido não apenas para animais, mas também para crianças autistas, sensíveis ao barulho. Terezinha Fortes é mãe de um menino que possui Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sofre crises quando os fogos são disparados.

Crises de choro, momentos de medo, irritabilidade e outras reações imprevisíveis tornam necessários o uso de métodos para prevenir e amenizar os efeitos dos fogos. O problema acontece pois muitos indivíduos dentro do espectro apresentam uma hipersensibilidade sensorial.

Terezinha conta que barulhos de foguete, bexiga estourando ou até mesmo um pneu de carro podem desencadear uma crise em seu filho. “Essa data do dia 12 é muito difícil. Esses barulhos prejudicam a saúde psiquiátrica e emocional de muitos, autistas, crianças, idosos e animais.”

Esse é um problema de saúde pública, é o que relata Terezinha. Segundo ela, sozinha não é possível acabar com o problema. “Eu posso pedir aos meus vizinhos, mas não consigo falar com toda a população. Essa causa é coletiva. Antes de soltar foguete, pense que muitas pessoas podem sofrer com esse barulho. O mundo precisa de mais amor e empatia”, pede.

Michelle Alencar, terapeuta ocupacional, explica que o cérebro de uma pessoa autista recebe o estímulo do ambiente, mas não interpreta da mesma forma que alguém fora do espectro, e é quando a pessoa responde de uma forma aversiva. “Quando o barulho já é esperado, trabalhe com a previsibilidade. Então, antecipar o fato de algo que já se sabe o que vai acontecer, ajuda a criança a se organizar. Mostre fotos ou vídeos de forma gradativa dias antes do evento acontecer. Outra estratégia é a utilização do abafador de ruídos”, orienta. 

Michele explica ainda que neste período de pandemia, as crianças, muitas vezes, estão privadas de estímulo e isso pode gerar alteração sensorial. “Não necessariamente a criança precisa ser autista para apresentar hipersensibilidade auditiva. Em caso de alteração sensorial, procure um terapeuta ocupacional.”

Fonte: Correio da Serra / Jornalismo 93 FM