‘Colônia’: série recria os horrores do hospital psiquiátrico de Barbacena

Quando começou a esboçar o roteiro de “Colônia”, série original do Canal Brasil que estreia hoje (25), o diretor André Ristum pensou em como deveria contar uma história desumana atravessada por uma série de maus-tratos e violações de direitos humanos a que os pacientes do Hospital Colônia de Barbacena foram submetidos durante décadas.

Impactado pela leitura do premiado livro-reportagem “Holocausto Brasileiro”, da jornalista mineira Daniela Arbex, que inspirou a produção e traça um raio-x tão grotesco quanto necessário de um centro psiquiátrico mais parecido com um campo de concentração nazista, Ristum não conseguia visualizar nada além de imagens em preto e branco. 

“Colônia” foi gravada em junho de 2019 em locações entre Campinas e São Paulo. O hospício foi reconstituído em um edifício antigo no bairro do Ipiranga, na capital paulista. A ausência de cor revela a escuridão em que milhares de destinos foram despejados como se jogados em uma imensa lata de lixo.

Estima-se que 60 mil vidas tenham sido perdidas – tantas por fome, frio, abandono e tortura – no Hospital Colônia, um dia chamado de “trem de doido” por Guimarães Rosa, desde a fundação, em 1903, passando pelas primeiras denúncias, em 1961, até o fim dos anos 1980, quando as práticas precárias e criminosas foram interrompidas em virtude da luta do movimento antimanicomial. 

“Colônia” conta a história de Elisa (Fernanda Marques), uma jovem de 20 anos que chega ao Hospital Colônia no início da década de 1970. Elisa não tem nenhuma doença mental. Grávida de quatro meses de um homem abominado por sua família, ela é enviada ao local pelo próprio pai, que vê arruinado seu plano de casá-la com um rico fazendeiro.

A série estreia hoje, às 21h30 – os dez episódios serão exibidos sempre às sextas-feiras, com horários alternativos nas madrugadas de domingo (1h55) e de terça-feira (0h55).

FONTE: O TEMPO