Aumento de ansiedade, surgimento de depressão, pessoas que passaram a tomar remédios controlados. Relatos assim são comuns entre pessoas que tiveram a vida revirada pela enxurrada de lama que jorrou da barragem da Samarco, em 2015, em Mariana (MG).
Um estudo realizado com os atingidos pelo rompimento mensurou esses impactos, e os resultados têm magnitude que pode ser considerada “catastrófica”, segundo responsáveis pela pesquisa. O estudo aponta que 74% das pessoas tiveram perdas de qualidade de vida em saúde.
A pesquisa, que foi recentemente publicada na revista interacional “Science Direct”, é parte de um projeto para realizar a valoração dos danos materiais e imateriais decorrentes do desastre.
O estudo foi contratado pela Cáritas, entidade que atua no assessoramento dos atingidos, e coordenado pelas professoras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mônica Viegas e Kenya Noronha, do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar).
Esses números impactam o cotidiano de muitas famílias, como a de um comerciante que perdeu a casa em 2015 e até hoje segue sem previsão de quando receberá um novo imóvel.
Ele conta que sua mulher enfrentava um quadro de depressão profunda, mas, antes da tragédia, o casal comprou uma casa em uma das comunidades atingidas. Aos poucos, o quadro de saúde dela foi melhorando. No entanto, após a tragédia, ela voltou a ter crises de ansiedade e segue em acompanhamento até hoje. O comerciante diz que ele também chegou a precisar de atendimento psicológico, com indicação de encaminhamento para psiquiatra.
O estudo, que ouviu 459 adultos e 52 crianças, aponta que, antes do rompimento da barragem, a proporção de indivíduos sofrendo de ansiedade e depressão severa era igual a 1%.
Com a destruição de comunidades, como Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, moradores acostumados com a vida na zona rural se viram obrigados a viver na sede de Mariana, deixando para trás plantações, criações e a convivência diária com parentes e amigos.
Fonte: G1