Dados do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes do Trabalho (Diesat), apontam que o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking de acidentes de trabalho no mundo. Como no ano passado milhões de trabalhadores foram colocados para trabalhar em home office devido à pandemia do coronavírus, muitos poderiam pensar que não há acidente e riscos para a saúde nesse caso. Ledo engano.
Segundo a médica do trabalho, Paula Condé Araújo, o home office oferece riscos tanto na segurança quanto na saúde do trabalhador. Porém, ela afirma ser necessário saber diferenciar um acidente de trabalho de um acidente do dia a dia. “É preciso exemplificar. Vamos supor que uma mulher em home office, executando suas atividades de auxiliar de escritório, se levante e vá até a cozinha preparar um café. Durante este processo, ela se queima com água quente. Pergunta-se: foi acidente de trabalho ou não? Não. Pois apesar de estar em horário de trabalho, estava realizando uma atividade doméstica”, esclarece.
Paula alerta ainda que, mesmo em home office, os riscos de adoecimento e acidentes existem, já que as casas das pessoas, por serem diferentes umas das outras, oferecem uma variedade de riscos. “O local em que você trabalha deve possuir aparelhos específicos próprios para a sua função. Além disso, o trabalhador não deve extrapolar o seu horário e as pausas devem ser feitas. Vale lembrar ainda que o trabalhador não deve abandonar a prática de atividade física. São cuidados importantes para a saúde que evitarão no futuro sintomas como dores nas costas, pescoço, fadiga ocular, cefaléia, insônia, ansiedade e depressão.”
É necessário entender ainda a responsabilidade quando houver adoecimento ou acidente do trabalhador. Segundo a médica, culpar a empresa e/ou trabalhador não é uma tarefa simples. “É preciso entender que trabalhar em casa não significa se jogar no sofá com o notebook no colo e trabalhar. A empresa também tem o dever de fornecer um suporte para o trabalhador, seja através de uma estrutura respeitando os padrões de ergonomia assim como deixando a disposição do trabalhador sempre que necessário o serviço de segurança e medicina do trabalho”, conclui.