Diretor do IMAF conta sobre o tratamento dos idosos que vivem longe de suas famílias

Segundo uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) o Brasil possui 83 mil idosos em instituições de longa permanência. A maioria são mulheres. Morar em um asilo é a opção de muitos idosos, mas também pode ser a única opção de tantos outros. Luiz Carlos Neto, diretor do Instituto Mauro e Alcides Ferreira (IMAF), que hospeda cerca de 60 hóspedes entre homens e mulheres, fala sobre o assunto. 

Segundo ele, com base em sua experiência, esse vínculo de carinho e amor é mantido mesmo quando fisicamente não estão mais perto. “O estereótipo das pessoas abandonarem seus familiares em um asilo e não mais visitarem não é uma coisa normal, é absoluta exceção. Eu não tenho no IMAF hoje nenhum caso de idoso abandonado”, conta. 

Ele conta que os idosos que fazem parte da instituição ensinam muitas lições sobre a vida. “Temos ali pessoas de nível cultural baixíssimo e pessoas como professores e intelectuais, muitos que até trabalham durante o dia e moram na instituição. O idoso tem muito a nos ensinar a respeito de todas as coisas. A gente acaba virando a família deles. É um aprendizado diário”, explica.

Sobre a importância dos vínculos familiares, Luiz Carlos explica que, no IMAF, os parentes são estimulados a visitar os idosos. “O abandono de idoso em asilo resulta em uma punição muito grave da lei. É muito raro ocorrer, mas às vezes nós procuramos fazer com que eles entrem em contato. Por exemplo, nós estamos criando uma sala de videoconferências, porque as vezes em que não pode se ter o contato presencial, que ele seja feito via internet”, conta. 

Em relação à saudade dos familiares, Luiz Carlos explica que, muitas vezes, a instituição não consegue suprir essa falta. “Nós proporcionamos cuidados de higiene, alimentação, sono e saúde. O que tentamos fazer também é criar na instituição uma nova família. Tratar com cuidado e carinho e procurar fazer suas vontades e gostos pessoais.”

Luiz Carlos afirma sobre a necessidade de respeitar os idosos devido sua história de vida. “A gente não pode ter uma outra conduta que não a de uma relação afetiva com o idoso”, conclui. 

Fonte: Correio da Serra / Jornalismo 93 FM